PODE O INDIVÍDUO SER SAUDÁVEL NUMA SOCIEDADE DOENTE?
Realmente, não é tarefa fácil manter-se saudável nos dias de hoje, sobretudo se considerarmos saúde o estado de completo bem-estar físico, mental e social e não simplesmente a ausência de doença ou enfermidade, segundo a OMS.
Considero do ponto de vista que cabe ao indivíduo, que o bem estar físico talvez seja o de mais fácil acesso ou obtenção, isto se o indivíduo for afortunado do ponto de vista genético, aparentemente livre de doenças hereditárias ou congênitas. Sendo assim, seria preciso seguir alguns passos básicos que hoje são largamente comentados e ensinados nas revistas e livros de nutrição, atividade física, bem-estar entre outros. Vale a pena ressaltar três pontos fundamentais: alimentação, atividade física e sono. Este tripé é a base da saúde do indivíduo e a mantenedora do bem estar físico que também inclui regulação hormonal. Estes cuidados também são a garantia da prevenção de doenças, dentre elas, obesidade, hipertensão, diabetes, enfermidades de alta morbimortalidade na atualidade, inclusive na infância.
Uma vez encontrado o equilíbrio físico, tarefa que exige disciplina, persistência e noções mínimas de nutrição e consciência corporal, vamos em busca do bem estar psíquico. Este envolve humor, motivação, pensamento, atividade intelectual, realização pessoal, afeto e um grau de flexibilidade cognitiva para aceitar as mudanças, resistências, perdas e lutas diárias. Se a saúde física exige disciplina, esta então irá exigir, além da disciplina, racionalidade e serenidade, na medida em que existem inúmeros fatores intrínsecos e extrínsecos que atuam neste equilíbrio. O autoconhecimento talvez seja a porta de entrada para o bem estar psíquico, na medida em que o indivíduo se auto regula, conhece suas capacidades, limitações, necessidades, anseios e aprende a administrá-los. Fazer escolhas a seu favor,desde otimizar o tempo, reduzir ou eliminar fatores estressores, planejando melhor seus dias, com intervalos para contemplação, reflexão e oração.
Agora o social... somos seres gregários, sim ou não? A sobrevivência é uma constante na vida de todos os seres vivos. A busca pelo salário e a garantia de um bem estar é uma condição imprescindível, mínima, mas daí sobrevem alguns pontos que saem da curva da normalidade: grandes misérias e riquezas colossais, uma sociedade polarizada, preocupada com o ter. Com isso, o ser se perde, deixa de olhar pra si e fixa-se fora. Neste percurso aparecem seus pares, filhos, chefes, vizinhos, compromissos. Como estar bem no meio disto tudo? Como dar conta dos relacionamentos, da educação, do trabalho e compromissos?
A escolha da profissão pode ser o início deste bem estar. Saber que você ganha a vida com algo que goste e lhe dá prazer é bem mais interessante e divertido, talvez utópico, por melhor que seja o seu trabalho, terá de cumprir a jornada e todas as exigências. Garantir uma boa carga de educação e experiência e aquele merecido lazer poderá ajudar e favorecer as escolhas.
Também segundo a OMS, “os determinantes sociais da saúde são as condições em que as pessoas nascem, crescem, vivem, trabalham e envelhecem, incluindo o sistema de saúde. Estas circunstâncias são formatadas pela distribuição da riqueza, poder e recursos a nível global, nacional e local, as quais são também influenciadas por decisões políticas. Os determinantes sociais da saúde são os principais responsáveis pelas desigualdades na saúde - as diferenças injustas e evitáveis no estado de saúde encontrado dentro e entre países.”
Devo imaginar então que as condições de nascimento, crescimento e desenvolvimento são determinantes sociais do bem estar e voltamos ao ciclo biopsicossocial. É preciso muita paciência e sabedoria para ser saudável. Saúde!